Exhibition

Antropotrágico, de Felipa Queiroz

18 Oct 2019 – 26 Oct 2019

Regular hours

Friday
10:00 – 18:00
Saturday
10:00 – 18:00
Sunday
10:00 – 18:00
Tuesday
10:00 – 18:00
Wednesday
10:00 – 18:00
Thursday
10:00 – 18:00

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No dia 18/10, inaugura a exposição Antropotrágico, de Felipa Queiroz, artista residente no LINHA. A exposição faz parte de uma série de mostras de curta duração que apresentam ao público a produção dos artistas residentes.

About

Abertura da exposiçao + Festa
18/10, sexta-feira, 18h-00h

Line-up:
Una
Bella
Marine
Biank Ku

Antropotrágico

Felipa faz parte de uma geração de artistas que não secciona formalmente técnica, suporte, material e investigação teórica. Percebe o emaranhado de sua prática tanto como procedimento quanto como assunto. É a experiência sensorial que informa os caminhos da pesquisa; esta, por sua vez, presenteia o trabalho com uma série de inquietações materiais. A investigação de Felipa é, essencialmente, sobre a fisicalidade da tinta sobre a tela. Elas - tinta e tela - são também os elementos utilizados para a confecção da narrativa imagética, sensual e silente que constrói. Mesmo que assunto e procedimento se retroalimentem, porém, essa metadiscussão é menos um ciclo fechado que um sistema poroso. 

Em Antropotrágico, ela apresenta uma série de telas que já foram outras. Estas primeiras, descendentes de uma prática de instrumentalização em pintura das imagens descobertas em um processo de constante escavação de arquivos, são, agora, sobrepostas por novos procedimentos pictóricos realizados durante os meses de residência no LINHA, de onde a galeria recebe sua individual. Como quem devolve um fóssil anteriormente descoberto para as camadas sedimentares, mas toma para si a agência de, dessa vez, enterrá-lo com as próprias mãos. Longe do lugar de sujeito, contudo, se associa à corporalidade da tela ancestral para construir os novos trabalhos. A textura do objeto imagético prévio informa, e às vezes limita, a sintetização destes. As cores primárias da figura anterior insistem em aparecer mesmo com a investida de novas pinceladas. Constrói, assim, uma relação interobjetual, de conflito e consenso, com suas ferramentas de trabalho. 

Ao soterrar as imagens por ela antes escavadas, engaja sua prática na história da pintura - e da arte contemporânea como um todo - numa discussão sofisticada que dilui as barreiras que um poderia esperar existir entre abstração e figuração, metafórico e literal. Procedimentos que, juntos, se alinham à uma tradição não ortodoxa da prática artística e, por isso, necessárias de serem consideradas, como indica o crítico e curador Chris Sharp em ‘Bad Paint Gone Wrong’, texto de 2014.

Esse processo, vulnerável às ecologias da memória imagética mas particularmente desapegado de suas marcas, também enfatiza o caráter contra-alegórico do trabalho de Felipa. Imagens encontradas - reproduzidas ou cobertas - estão todas no mesmo plano ontológico: são ferramentas descontextualizadas de construção dos objetos-pictóricos, infiéis aos processos de assimilação metafórica do idioma. Por isso, nenhum simbolismo semântico daria conta de organizar, por completo, em unidades linguísticas as narrativas que os trabalhos constroem. Em partes, só contemplo a possibilidade de fabricação desse texto para indicar que ele é tragicamente insuficiente.

Em seu curto ensaio ‘The language of things’, de 2006, a artista Hito Steyerl indica que, numa relação linguística, pode-se tratar a matéria não-humana inanimada ou como objeto subordinado às experiências pessoais ou como aliado energético. Felipa, me parece, escolheu a segunda. Usa pintura para falar de pintura.

Wisrah Villefort

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Felipa Queiroz

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